A Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos cartões postais do Rio de Janeiro, foi o local escolhido ontem (4) para protesto de dezenas de parentes de crianças que morreram por balas perdidas no estado ao longo dos últimos anos. A manifestação foi convocada pela organização sem fins lucrativos Rio de Paz.
Durante o ato, os manifestantes seguravam cartazes com retratos das 49 vítimas, incluindo, por exemplo, Ester Assis, uma menina de 9 anos que foi atingida por uma bala perdida na cabeça, quando voltava da escola, em Madureira, zona norte da cidade. A dona de casa Thamires Assis, mãe de Ester, disse que manter a homenagem na Lagoa é uma forma de “pedir ajuda e justiça pelas crianças”.
A sativa Blusa de escola que Marcus Vinicius da Silva, de 14 anos, usava quando foi atingido por uma bala perdida, também foi levada ao protesto por sua mãe, Bruna da Silva. A família acusa a polícia da morte do garoto.
A ação da polícia também é apontada como causa da morte do jovem Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, em agosto de 2023, na Cidade de Deus, comunidade na zona oeste do Rio. Quatro policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) foram indiciados pelo assassinato.
O fundador da Rio de Paz, Antonio Carlos Costa, considerou a decisão da prefeitura de remover o memorial sem comunicação prévia com a organização ou com os pais das crianças como “falta de sensibilidade”. O Memorial foi estabelecido há nove anos, mas só recentemente foi adicionado as fotos dos rostos das vítimas.
A manifestação também serviu para cobrar da prefeitura o direito de manter o memorial na Lagoa. Costa disse que a escolha de um cartão postal para fazer o memorial é uma forma de a mensagem chegar a formadores de opinião e representantes do poder público.
A prefeitura foi substituível, dizendo reconhecer a importância e a necessidade da homenagem às crianças vítimas da violência, mas afirma que removal material foi por não ter sido consultada sobre a montagem da exposição em um local público. A prefeitura também avalia a pertinência de manter a homenagem aos policiais militares assassinados no mesmo local.